quinta-feira, 5 de novembro de 2009

CHARGE

POLITICA


O senador José Sarney lutou muito, mas não conseguiu vencer os fatos. Ao decidir disputar a presidência do Senado, em fevereiro passado, acreditava que o cargo era uma garantia de imunidade para ele e a família - aquela altura já investigada pela Polícia Federal por suspeita de uma multiplicidade de crimes. A visibilidade, porém, teve efeito contrário e acabou colocando o mais longevo dos políticos brasileiros no centro de uma devastadora crise de no Congresso. José Sarney, o último dos coronéis, rendeu-se diante de tantos escândalos. Na semana passada, o senador disse ao presidente Lula que está cansado e que decidiu deixar o cargo.

ESPORTE


Ponto que vale muito: a ponta

São Paulo termina jogo contra o Grêmio com oito homens, mas arranca empate no Sul
, terminou o jogo contra o Grêmio com oito homens em campo, após as expulsões de Borges, Dagoberto e Jean. Mas alcançou seu objetivo: assumir a liderança do Campeonato Brasileiro, mesmo que de forma provisória. No duelo tricolor no Olímpico na noite desta quarta-feira, na abertura da 34ª rodada do Nacional, o empate por 1 a 1 - gols de Rafael Marques, para o time gaúcho, e Dagoberto, para o paulista - foi comemorado pelos visitantes. E não pelo time de casa, que, apesar de manter a invencibilidade de mais de um ano em casa, ficou mais distante da vaga na Taça Libertadores.

CULTURA

A cultura indiana antiga dividia a sociedade em quatro categorias de ofícios e quatro de idades. Esse sistema tem o nome de Sanatana Dharma. Tal aspecto cultural gerou diversas distorções na sociedade contemporânea e, apesar de oficialmente banido, continua sendo infamemente praticado.

Os indianos, apesar das diversidades como linguagem, arte, música e cinema, são extremamente ligados à nação e aos ancestrais, o que os torna uma sociedade muito tradicional.

A música da Índia, essencialmente improvisada, de caráter descritivo e emotivo, baseia-se em quadros rígidos, complexos e constantes, que constituem o único elemento transmissível. Deriva de vários sistemas pertencentes a grupos étnicos e lingüísticos distintos (mundas, dravidianos, arianos e outros). A música indiana, não tendo notação gráfica, consiste em um sistema de ragas que são memorizadas pelos executantes e que servem de base para as improvisações

A Índia tem uma grande indústria cinematográfica. É, em termos numéricos, a maior produtora do mundo. O número de filmes feitos na Índia é superior ao de qualquer outro país. Essa é uma paixão dos indianos. Os cinemas vivem lotados e eles amam seus astros e, diferentemente de outros lugares, tudo tem a cara da Índia, sem invasões culturais, preservando a identidade deste país. Esta diversidade, além de arquiteturas diferentes, é o que faz da Índia esse "Caldeirão Cultural".

ENTREVISTA

droga&Família (d&F) - Qual é a hierarquia no tráfico? Quem manda em quem? Quais são os nomes dos postos e quais as responsabilidades de cada um?
Há o intermediário, o subgerente e o patrão que é o posto mais alto. O avião só serve para buscar.

Como se chega ao posto mais alta nessa hierarquia?
É difícil. Tem que ser bem "considerado", cuidar direitinho do dinheiro. Senão a coisa fica ruim...

Quantas pessoas uma "boca de fumo" emprega?
Entre seis e sete pessoas. São três turnos e 24 horas de serviço.

Como são recrutadas? São treinadas?
Geralmente nós já temos informações sobre a pessoa. E quanto ao treinamento, só no dia-a-dia mesmo é que ela vai aprender direito.

É possível para alguém que trabalha para o tráfico desligar-se do "emprego"?
No nosso caso, se a pessoa quiser sair, nós liberamos. Mas tem outros lugares que não liberam não. E isso é uma encrenca muito grande para quem sair do negócio.

Em média, qual a idade das pessoas que trabalham para o tráfico?
Tem menores trabalhando com a gente, só para você ter uma idéia. A gente não tem essa de idade não. Precisou do emprego, fala com a gente e está empregado.

Eles recebem algum tipo de treinamento para lidar com armas?
Não. Geralmente eles já sabem mexer com arma. Quem está nesse negócio não é bobo não.

Como são tomadas as decisões? Há um poder único, uma pessoa só mandando, ou existe uma espécie de colegiado, onde as decisões são tomadas se a maioria vencer?
Isso depende do assunto. A gente pode se reunir para decidir alguma coisa. Mas se o assunto for sério, cabe ao patrão decidir. Ele decide e todo mundo obedece.

Como uma "boca de fumo" se expande? Pela procura dos usuários ou pela tomada de áreas de grupos rivais?
Nós aqui crescemos pela qualidade do produto que vendemos. Sem essa de ficar brigando para tomar o lugar dos outros.

Como são demarcadas as áreas de abrangência de um grupo? Por exemplo, daqui se controla quantas regiões?
Controlamos três regiões. Essas demarcações são conhecidas de todos e os grupos se respeitam. Como eu disse ninguém tenta tomar o lugar do outro.

Você seria capaz de se unir a outros grupos para expandir o negócio?
Não. Cada um na sua.

Aliás, esse negócio é muito competitivo? Quantos grupos desses você estima que haja só na região em que você atua?
Esse negócio é muito competitivo mesmo. Nessa região tem muitos grupos disputando com a gente.

A sua estrutura inclui produção e distribuição ou é só receptação e comercialização?
Receptação e distribuição.

Qual é o faturamento médio de um negócio desse tipo?
Não vou falar números, mas posso garantir que é muito dinheiro. Para quem vende rola muito dinheiro, mas tem que ser assim, né, porque o negócio é muito arriscado. De uma hora para outra você pode perder tudo.

Como qualquer outro negócio, ele tem oscilações, ou seja, picos e baixas de vendas?
Tem oscilações sim. Há meses que são melhores que os outros, há épocas em que se vende mais.

Para onde vai o dinheiro arrecadado?
Para comprar mais mercadoria e repor estoques.

O mundo empresarial, por ser muito competitivo, obriga as empresas a procurar alternativas, modos diferenciados de atender ao cliente. Existe isso no tráfico? Algo assim como entrega a domicílio ou um disk-drogas (esse último serviço é oferecido atualmente nas ruas de Nova York depois que a polícia expulsou os traficantes das ruas)?
Não, aqui não existe isso. Quem vende a droga somos nós mesmo e a pessoa que quer tem de vir procurar com a gente. Não entregamos na casa de ninguém. Não precisamos disso.

Você acha que se o usuário final deixar de se drogar, o negócio drogas pode perder poder, ou, preparado para isso, diversificará as atividades?
Não sei dizer. A pessoa que quer largar a droga tem de ter força de vontade. Vem até a gente quem quer comprar e se drogar. Nós não obrigamos ninguém a nada.

Com que outros tipos de negócios você lida? Armas, contravenção, prostituição?
Venda de armas. Prostituição não.

Você acha que essas atividades têm relação com drogas?
Sei lá. Acho que é cada um na sua. Se o cara acha que tem que fazer contravenção e prostituição é problema dele.

Como é vendida a droga? A pessoa simplesmente sobe o morro, procura a favela ou a droga é oferecida em pontos estratégicos?
Ela tem que conhecer os intermediários, a pessoa que vai lhe fornecer a droga. Se uma pessoa que nunca foi numa boca subir sem conhecer os intermediários, ela desce e vai embora sem a droga. Dependendo do lugar é perigoso nem descer. Tem lugar que é assim. Se o cara é estranho e não está acompanhado por alguém do morro pode se dar muito mal.

Qual é a droga mais procurada na sua região e qual é o perfil das pessoas que a adquirem?
Nós vendemos mais crack. Depois vem a erva e a cocaína. Todo tipo de gente procura o morro.

Como é o enfrentamento com a polícia? Ela faz buscas de fato ou encena tudo?
Ela faz busca mesmo. É a fim de encontrar qualquer coisa. Por isso que o negócio tem de ser bom, porque, como eu disse, de uma hora para outra você pode perder tudo. Se a polícia encontra droga eles levam ou, dependendo do policial, tem um acerto ali mesmo.

Acerto? Que tipo de acerto? A polícia é corrupta?
Acerto é acerto. A gente dá alguma coisa e a droga não é levada. Mas nem todo mundo da polícia é assim. Com a ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, tropa de elite da polícia militar), por exemplo, não tem negócio. Se eles pegarem, eles levam.

Na sua opinião, por que é tão difícil para o poder público combater o tráfico?
Não sei dizer. Talvez a situação econômica do País. Tem gente que procura emprego, não acha, vem para o tráfico. E isso torna difícil o combate, eu acho.

Por que o Rio fica na alça de mira da mídia e São Paulo nem tanto?
Eu acho que o pessoal de São Paulo é mais sossegado, não tem tanta briga pela posse de pontos de drogas como no Rio.

Vocês mantêm algum tipo de ligação com cartéis internacionais de drogas?
Não. Vem tudo com sexta mão, a gente não pega direto do primeiro fornecedor.

Quer dizer que a droga quando chega até você já passou por pelo menos seis pessoas?
Às vezes mais. Chega a dez.

Esses cartéis colombianos, e agora os mexicanos, possuem uma estrutura profissional mesmo ou é só marketing?
Eles são organizados mesmo. São profissionais.

Como é o relacionamento de vocês com a comunidade? Há respeito, medo, indiferença...
Todos sabem o tipo de negócio em que estamos metidos. E respeitam. Temos amizade com todo mundo e ajudamos a comunidade no que ela precisa e no que podemos. Em outros lugares isso não existe. Os caras apavoram as pessoas.

Que tipo de armas vocês portam?
Todo tipo de arma: AR-15, mini-Uzi, Colt 45, PT-57. Armas pequenas, grandes, até granada.

O "serviço secreto" do tráfico como funciona? Há informantes em pontos e postos-chaves fora da área do tráfico?
Sempre tem. Temos que ter. Existe sempre uma pessoa que fica de ouvido e olhos abertos e avisa quando a polícia chega.

Como são remunerados? Aliás, são bem remunerados?
Eles ganham bem. Mas não só eles. O intermediário, se quiser – e ele geralmente quer – pega seu salário em mercadoria. Dependendo do mês, um olheiro, por exemplo, que fica de "butuca", pode tirar muito mais que 2 mil reais.

E quem não paga como é tratado?
Tem grupos por aí que matam. Nós não. Nosso negócio é ganhar dinheiro mesmo. Se o cara deve a gente faz o possível para receber. Fala para o sujeito dar um jeito, roubar alguma coisa ou alguém. Nós damos todas as chances porque se a gente matar aí é que não vai receber mesmo. Agora, se não houver jeito mesmo, se a gente sentir que o cara quer "dar um chapéu" , aí o jeito é apagar o cara.

Na sua opinião, o tráfico de drogas tem realmente o poder de substituir os poderes constituídos?
O tráfico é muito poderoso. Pode sim substituir esse poder constituído que você fala. Tem dinheiro, tem armas, tem mercadoria, tem tudo...

Você acredita no arrependimento de pessoas que por anos traficaram e agora dizem-se regenerados como o Escadinha e o João Gordo, só para citar grandes traficantes do Rio?
Não. É meio difícil sair dessa. Eu não acredito nesses caras.

Você usa drogas?
Não. Eu só gerencio o negócio.

Como você entrou para o tráfico e como chegou a ocupar o posto que ocupa hoje?
Foi muito tempo atrás. Eu sou um profissional e demorei muito para chegar aonde cheguei. Passei por todos os estágios, dei duro e hoje sou o que sou.

Quanto você ganha nesse negócio?
Ganho muito dinheiro.

Qual foi o patrimônio que você conseguiu erguer desde que entrou para o tráfico?
Consegui muita coisa.

Você tem vida fora do tráfico?
Tenho um "comercinho".

Há espaço para amizades no negócio das drogas?
Não sei quanto aos outros. Eu tenho amigos.

Aonde você pretende chegar "trabalhando" nesse tipo de negócio?
Eu cheguei até aonde dá, mas quero mais. Sempre há algo para se conseguir nesse ramo.

Pessoalmente, como você se sente sabendo que o seu tipo de negócio destrói pessoas, lares e futuros profissionais? Você chega a pensar nisso ou nem pensa porque isso atrapalha o negócio?
Olha, eu já vi pessoas que compraram drogas comigo e morreram de overdose. Mas isso é problema do cara. Uma pessoa eu até ajudei a levar para o hospital. Se droga quem quer, eu estou aqui para fornecer.

Você recomenda esse tipo de negócio para outras pessoas? Pessoalmente, você introduziria alguém da sua família nesse negócio?
Não, não recomendo.

CRONICA

O homem e a gripe suína

Li nos jornais que essa gripe suína que apareceu no México e Estados Unidos, e que periga virar pandemia, está atingindo sobretudo indivíduos do sexo masculino entre 25 e 45 anos. Algo totalmente óbvio e esperado, eu diria. São exatamente os homens dessa faixa etária que costumam jogar a cueca e as meias sujas emboladas atrás da porta do quarto, deixar a toalha molhada em cima da cama, entrar com os sapatos imundos dentro de casa, emporcalhar a sala de TV com guimbas de cigarro, latas de cerveja vazias, farelos de batata chips e pacotes vazios pelo tapete e no sofá, e fazer xixi com a tampa da privada abaixada. Estavam achando o quê? Agora aguentem.

EDITORIAL

O Brasil ultimamente vem aparecendo na mídia com um índice alto de violência infantil. Tivemos a pouco tempo o caso da menina Isabela que chocou o povo brasileiro e algumas partes do mundo por sua crueldade e frieza com que foi assassinada.

As agressões a crianças são cada vez mais freqüentes na sociedade, e quando se trata de uma criança com classe social mais elevada o caso sempre vem a mídia e se torna indignação geral.

O que se esquece, geralmente, é que a cada trinta minutos uma criança é violentada de alguma forma no Brasil, e a cada minuto esse número cresce envergonhosamente. Um país onde se investe na educação e considera um assunto primordial deixa a situação entrar em proporções extremamente fora do controle.

Assim aconteceu com o pequeno João Hélio e há menos de uma semana outro caso chocou o Brasil, o menino também João inacreditavelmente assassinado por policiais na cidade do Rio de Janeiro com um tiro na cabeça onde se encontrava dentro do veículo de propriedade de sua mãe que havia encostado para que não atrapalhasse a perseguição dos policiais a bandidos.

Quantos mais policiais, bandidos, pais e madrastas vão maltratar e levar a morte as nossas crianças? Crianças essas que se apóiam em seus responsáveis que as maltratam, não se pode mais confiar na Polícia, aquela que deveria nos proteger, são as que nos trazem medo!

Em Mariana esses fatos são em proporções menores, também pelo fato de ser uma cidade do interior, mas existem crianças violentadas, exploradas e abusadas sexualmente. E esses números crescem com o passar dos dias e a iniciativa tem que vir de dentro de casa através de denúncias e atitudes. Nossas crianças precisam de proteção, de apoio e da confiança daqueles que tem o papel de zelar pela segurança delas.